Os juros futuros registraram uma queda significativa nesta quarta-feira (10), refletindo os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que ficaram abaixo das expectativas do mercado. Essa queda se estendeu por toda a estrutura da curva de juros, sinalizando um controle contínuo da inflação e um alívio recente no dólar, que passou de R$ 5,70 para cerca de R$ 5,40.
No fechamento do dia, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) apresentaram as seguintes quedas: DI para janeiro de 2025: de 10,57% para 10,525%; DI para janeiro de 2026: de 11,185% para 11,085%; DI para janeiro de 2027: de 11,47% para 11,325%; DI para janeiro de 2029: de 11,845% para 11,655%.
A curva de juros agora precifica uma Selic próxima de 10,82% no final de 2024, em comparação aos mais de 11,5% registrados durante o estresse da semana passada. Instituições como a XP Asset e a Itaú Asset consideram a possibilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa aumentar os juros até o final do ano.
André Muller, estrategista-chefe da AZ Quest, comentou que o IPCA de junho, que subiu apenas 0,21%, mostra uma inflação controlada. Ele acredita que, a menos que haja uma deterioração significativa das expectativas, o próximo movimento do Banco Central deverá ser a redução dos juros, possivelmente já no primeiro semestre do próximo ano.
Gustavo Pi Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset Management, observou que o estresse recente no mercado não refletia os fundamentos econômicos. Ele destacou que a credibilidade do governo foi questionada, mas o recente alívio no dólar indica uma descompressão significativa dos prêmios de risco.
Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, mencionou que o ambiente externo tem mostrado alívio nas últimas semanas, mas os ativos domésticos só agora estão começando a capturar essa tendência. Ele prevê que esse ambiente mais positivo pode se estender até a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do Tesouro Nacional em 22 de julho.
Andrea Angelo, estrategista da Warren Investimentos, elogiou a composição do IPCA de junho, destacando a queda nos serviços subjacentes dessazonalizados e anualizados. Já João Fernandes, economista da Quantitas, ressaltou que os núcleos de inflação estão próximos dos níveis necessários para atingir a meta de inflação, mas destacou que a credibilidade do governo em cumprir o arcabouço fiscal será crucial para ancorar as expectativas de inflação.
Leia mais:
- Bancos Elevam Projeção de Crescimento do Crédito para 10% em 2024
- BTG Pactual Ajusta Projeções para Varejo em Meio a Pressões Macroeconômicas
- Memecoins: Crescimento Explosivo ou Simples Diversão?
O mercado de juros futuros continua a responder aos sinais de controle da inflação e à recente estabilização do dólar, enquanto analistas observam atentamente os próximos passos do Banco Central e as políticas fiscais do governo. A expectativa é de que uma postura mais pragmática do governo possa contribuir para um cenário econômico mais estável e previsível.