A recente posse da ministra Daniela Teixeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ) marca um momento histórico na Corte: após uma década sem nomeações femininas, Daniela, aos 51 anos, traz uma nova perspectiva para o judiciário. Em entrevista ao Valor, ela destaca a necessidade de maior representação feminina e aborda a urgência de mudanças no sistema judicial, principalmente em relação aos casos de tráfico de drogas.
Representação Feminina e Juventude no STJ
Daniela Teixeira tem um plano claro: nas listas para as duas vagas abertas no STJ, seu voto será dedicado a candidatas femininas. "Não existe tribunal da cidadania sem mulheres", afirma a ministra, que também pretende trazer uma linguagem mais acessível e menos formal ao Judiciário. Sua decoração de gabinete, que inclui uma bandeira do Flamengo e enfeites de Natal, reflete sua abordagem inovadora e sua identidade pessoal.
Reforma Judicial: Traficantes x Usuários
Teixeira expressa preocupação com a sobrecarga do Judiciário, especialmente devido à grande quantidade de casos relacionados a pequenas quantidades de drogas. Ela critica a atuação do Ministério Público em recorrer sistematicamente nesses casos, alertando que o "sistema está colapsando". A ministra apoia a diferenciação entre traficantes e usuários, um julgamento que está previsto para ocorrer no STF em 2024.
Daniela explica que a maioria dos casos que chegam ao seu gabinete envolvem quantidades de droga menores que um sachê de açúcar. Ela defende a necessidade de uma abordagem mais racional e menos judicializada para esses casos, evitando o desperdício de recursos em questões menores.
Em relação à sua trajetória, a ministra rejeita qualquer alegação de favorecimento em sua nomeação, focando em sua atuação no tribunal. Com a possibilidade de 24 anos no STJ, Daniela Teixeira encara o futuro com uma mente aberta, sem se prender a planos de longo prazo.
A chegada da ministra Daniela Teixeira ao STJ não só rompe uma barreira de gênero na alta corte, mas também promete trazer uma nova dinâmica e eficiência no tratamento de questões judiciais. Sua presença reforça a importância da diversidade e renovação no sistema judicial brasileiro.