O Mercado Bitcoin (MB), uma das principais exchanges de criptomoedas do Brasil, anunciou sua saída da Associação Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto), entidade que ajudou a fundar, conforme reportagem do site "Neofeed". Segundo Reinaldo Rabelo, CEO do MB, a decisão foi motivada por divergências em relação às pautas promovidas pela associação, que segundo ele, favorecem modelos de negócios que podem comprometer a segurança do mercado local.
Rabelo expressou preocupação com a crescente influência de empresas estrangeiras na Abcripto, que, em sua visão, se beneficiam de uma "arbitragem regulatória". Ele argumenta que essas companhias não aderem às mesmas exigências regulatórias impostas às corretoras locais, especialmente no que se refere a políticas de "conheça seu cliente" (KYC), prevenção à lavagem de dinheiro (PLD), combate ao financiamento de terrorismo e obrigações fiscais. Muitas dessas empresas, de acordo com o CEO, estão sediadas em paraísos fiscais, não possuem CNPJ no Brasil e operam por meio de prestadores de serviços, o que ele considera um risco para os investidores locais.
Além das questões regulatórias, outro ponto de controvérsia citado pelo MB foi a alteração nas regras de votação dentro da Abcripto, especificamente o fim do "voto de Minerva" para os fundadores, mudança esta que teria sido implementada para atrair grandes instituições como Mastercard, Visa e Deloitte em 2022. De acordo com Rabelo, outras associações, como a Associação Brasileira de Fintechs (Abfintechs) e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), agora oferecem um suporte mais alinhado com as necessidades do setor de criptoativos no Brasil.
Leia mais:
- Ibovespa Mantém Estabilidade Após Série de Altas e em Contexto de Juros Elevados
- Retorno Potencial de Trump à Casa Branca Preocupa Mercados de Moedas Emergentes
- Bitcoin Dispara Após Atentado Contra Trump e Expectativas de Políticas Pró-Cripto
Em resposta, a Abcripto declarou que até o momento não recebeu formalmente nenhum pedido de desfiliação por parte do Mercado Bitcoin. A associação reforçou seu compromisso com o desenvolvimento e a organização do setor de criptoeconomia no Brasil, destacando sua dedicação em promover um ambiente seguro, tanto jurídica quanto comercialmente. A Abcripto também mencionou suas iniciativas de autorregulação e os acordos de cooperação com diversos órgãos, incluindo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como prova de seu envolvimento ativo na promoção de práticas adequadas e seguras no mercado de criptomoedas.