A quinta-feira (16) foi marcada por pouca oscilação nos ativos locais, operando próximos à estabilidade em boa parte do pregão. No entanto, os juros futuros encerraram a sessão em alta, seguindo a direção dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), que refletiram as sinalizações de membros do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos EUA.
No fechamento da sessão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 10,35% para 10,365%; a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,57% para 10,61%; a do DI para janeiro de 2027 aumentou de 10,88% para 10,93% e a do DI para janeiro de 2029 avançou de 11,34% para 11,41%.
Nos Estados Unidos, o rendimento da T-note de 2 anos subiu de 4,738% para 4,806%, enquanto a taxa da T-note de 10 anos aumentou de 4,344% para 4,381%.
Os agentes financeiros ainda avaliam a piora na percepção do risco local, após o sinal de maior intervenção do governo na gestão da Petrobras. Em um mercado sensível a notícias negativas, especialmente após a decisão dividida do Comitê de Política Monetária na semana anterior, a deterioração do ambiente doméstico tem mantido os prêmios de risco na curva de juros em níveis elevados.
Investidores também acompanharam as declarações de membros do Federal Reserve (Fed), como a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, que afirmou que levará mais tempo para a inflação americana alcançar a meta de 2% do banco central.
“A postura do Fed é bastante clara - nada de aumentos de juros, e os cortes continuarão a ser adiados até que o Fomc esteja convencido de que a inflação foi controlada ou que há um aumento inesperado no desemprego. Por enquanto, nenhuma dessas condições foi atendida e, portanto, nenhuma mudança na taxa está no horizonte imediato”, disse o estrategista-chefe de juros da BMO Capital Markets, Ian Lyngen.
Apesar do ambiente externo desafiador, os juros elevados no Brasil têm atraído boa demanda estrangeira por títulos prefixados de longo prazo, como as Notas do Tesouro Nacional - Série Fs (NTN-Fs). Em relatório, o J.P. Morgan apontou que os fluxos estrangeiros para as NTN-Fs têm sido sólidos durante o primeiro trimestre do ano. No entanto, os investidores internacionais reduziram suas posições em LTNs em março.
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No leilão semanal de títulos prefixados do Tesouro Nacional desta quinta-feira, houve venda integral dos lotes de 9 milhões de LTNs para quatro vencimentos e de 1,5 milhão de NTN-Fs para dois vencimentos, totalizando R$ 7,57 bilhões.
Segundo cálculos da Necton, o ritmo de rolagem da dívida pública em 2024 está em 131%. Isso significa que, se o Tesouro mantiver as emissões semanais no ritmo atual, de R$ 35,3 bilhões, terminará o ano com seu colchão de liquidez aumentando para R$ 1,383 trilhão, acima dos R$ 966 bilhões do início do ano, com nível prudencial de 12 meses.