O Ibovespa iniciou a semana em baixa, impactado por incertezas fiscais e de política monetária, com destaque para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O volume financeiro registrado na sessão também foi baixo, refletindo a retirada contínua de recursos por parte de investidores estrangeiros, que têm priorizado aportes em outros mercados.
Ao fim do dia, o índice recuou 0,44%, fechando aos 119.138 pontos. Durante o dia, o Ibovespa chegou a tocar os 118.685 pontos nas mínimas e os 119.663 pontos nas máximas. O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 12,71 bilhões no Ibovespa e R$ 17,34 bilhões na B3. Em contraste, os índices em Nova York tiveram um desempenho positivo: o S&P 500 subiu 0,77%, o Dow Jones avançou 0,49%, e o Nasdaq fechou em alta de 0,95%.
O cenário de aversão ao risco continuou predominando no mercado local, com os rendimentos dos Treasuries americanos em alta e o boletim Focus indicando um aumento nas expectativas de inflação e na taxa Selic. Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre uma revisão de despesas ajudaram a acalmar os preços dos ativos, mas não foram suficientes para alterar o viés negativo da sessão.
A decisão de juros do Copom, prevista para quarta-feira (19), será acompanhada de perto pelos investidores. A maioria dos agentes espera que a taxa Selic seja mantida em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de flexibilização monetária. A nova presidência do Banco Central ainda precisa reconquistar a confiança do mercado, especialmente após a dissidência na última reunião do Copom.
Segundo o chefe de análise de um grande banco local, as incertezas em torno do Banco Central devem persistir nos próximos meses. Ele sugere que a indicação de um nome mais ortodoxo para a presidência poderia ajudar a restaurar a confiança. Além disso, a entrega do Orçamento de 2025, com um plano claro de cortes de despesas, pode servir como um gatilho positivo para o mercado.
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O executivo também destaca que o cenário de juros nos Estados Unidos continua a penalizar os mercados emergentes. No entanto, ele não descarta um fluxo tático para o Brasil, caso haja uma melhora no sentimento doméstico. "A bolsa brasileira está muito barata, com uma história de lucros em crescimento e sem recessão à vista."
Na sessão, o Índice de Small Caps sofreu uma queda de 1,24%. A Vale ON recuou 0,40%, impactada por dados fracos de atividade na China. Em contrapartida, o Itaú PN subiu 2,44% após o Morgan Stanley elevar sua recomendação para "compra", destacando a ótima gestão do banco e seu papel defensivo em meio ao enfraquecimento do cenário macroeconômico e político.