O Ibovespa registrou um avanço na sessão desta quinta-feira (4), alinhado com a queda do dólar e dos juros, após sinalizações fiscalistas do governo. Esse movimento favoreceu a rotação de portfólios no índice, com empresas cíclicas locais ganhando destaque, enquanto papéis exportadores corrigiram parte dos ganhos recentes. Foi a quarta sessão consecutiva de alta do índice.
No fechamento do dia, o Ibovespa subiu 0,40%, alcançando 126.164 pontos, enquanto o Índice Small Caps teve um ganho de 2,37%. Durante as mínimas intradiárias, o Ibovespa tocou 125.666 pontos, e nas máximas, 126.660 pontos. O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 11,33 bilhões no Ibovespa e R$ 16,30 bilhões na B3. A liquidez da sessão foi limitada pelo feriado nos Estados Unidos.
A redução dos prêmios de risco nos ativos locais, após as sinalizações de que o governo buscará cumprir o arcabouço fiscal, continuou beneficiando o Ibovespa, em linha com o recuo do dólar e dos juros. Destaques positivos incluíram papéis cíclicos locais: Vamos ON subiu 8,43%, GPA ON teve ganhos de 7,33% e Lojas Renner ON avançou 6,44%. Na outra ponta, Petrobras ON e PN recuaram 1,35% e 1,37%, respectivamente, devido à rotação de portfólios e enquanto investidores analisavam mudanças na direção da companhia.
“As mudanças na Petrobras não ajudam, mas a dinâmica dos últimos dias parece mais uma rotação para papéis ligados à economia local,” disse um analista. “A rotação deve continuar, porque a narrativa do governo mudou bastante e ainda tem muito prêmio na curva de juros. Além disso, uma leitura de ‘payroll’ [relatório oficial do mercado de trabalho dos EUA] que indique desaceleração da economia americana amanhã pode reforçar o movimento,” afirmou outro executivo.
Estrategistas do J.P. Morgan, liderados por Emy Shayo Cherman, afirmam que a maré parece estar mudando para os ativos locais. Após um forte movimento de aversão a risco nas últimas semanas, motivado por ruídos internos, o comprometimento do governo em cortar gastos e a expectativa crescente por cortes de juros nos Estados Unidos podem apoiar a recuperação dos ativos locais, incluindo o Ibovespa, durante o verão no hemisfério norte.
“Não vemos a janela atual como uma oportunidade de compra na baixa, mas sim como um acompanhamento da recuperação dos ativos brasileiros, considerando que o mercado está muito leve, barato e ‘subcomprado’ neste momento, com os locais detendo grandes posições de caixa e resgates consideráveis de estrangeiros em todos os meses deste ano,” apontam os estrategistas.
Apesar da alta recente da bolsa, os analistas entendem que ainda há muito prêmio de risco na curva de juros, e que um ajuste nesse sentido deve contribuir para uma nova onda de ganhos. Além disso, indicam que os múltiplos seguem descontados e o patamar atual de Preço/Lucro precifica um recuo de 20% nos lucros das empresas, “o que também é excessivo”. “E o Brasil está negociando com desconto de 30% para mercados emergentes, enquanto o desconto habitual é de 10%”.
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Após recomendar investimento em setores que se beneficiassem da desvalorização do câmbio em maio, a equipe do J.P. Morgan sugere agora buscar papéis baratos e com boa perspectiva de crescimento de lucros.