O Ibovespa ampliou seus ganhos e operou em alta nesta quinta-feira, beneficiado por dados de inflação dos Estados Unidos que vieram abaixo do consenso. A perspectiva de uma política monetária americana menos restritiva e um diferencial de juros mais favorável tornaram a bolsa brasileira mais atraente para investidores. Além disso, a aprovação da regulamentação da reforma tributária na Câmara dos Deputados também contribuiu para o otimismo do mercado.
Por volta das 13h, o Ibovespa subia 0,70%, alcançando 128.110 pontos. A mínima intradiária foi de 127.221 pontos, enquanto a máxima chegou a 128.292 pontos. O volume financeiro projetado para o índice no dia era de R$ 13,362 bilhões. Em contraste, em Nova York, o S&P 500 caía 0,89%, situando-se em 5.583 pontos, o Dow Jones recuava 0,14%, para 39.320 pontos, e o Nasdaq tinha uma queda de 1,94%, aos 18.285 pontos.
O recuo dos juros futuros impulsionou empresas sensíveis às taxas, com destaque para ações cíclicas domésticas. Carrefour ON subiu 4,71%, Lojas Renner ON avançou 3,68% e MRV ON teve alta de 2,12%, impulsionada por uma prévia operacional positiva. Os lançamentos da MRV somaram R$ 2,24 bilhões no segundo trimestre, uma alta anual de 73,7%.
Enrico Cozzolino, sócio e chefe da área de análise da Levante, destacou que a deflação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA em junho é positiva para os mercados em geral, pois pode reduzir o prêmio de risco para os mercados emergentes. "Não podemos ter juros menores que os americanos. Com taxas mais altas, pagamos mais aos investidores que países desenvolvidos, e isso é benéfico para o investimento", afirmou.
A aprovação do principal projeto de lei de regulamentação da reforma tributária também contribuiu para a alta do Ibovespa. Cozzolino observou que a simplificação tributária é um avanço, embora ainda mantenha elementos tradicionais em uma forma mais simples ao unificar cinco impostos em um.
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Quanto ao desempenho recente do Ibovespa, que fechou os últimos oito pregões em alta, Cozzolino reforçou que, mesmo com a expectativa de realização de lucros, o índice permanece descontado. "A bolsa continua descontada. Não temos o mesmo otimismo do início do ano e nem achamos que o índice vai a 170 mil pontos, como alguns agentes projetaram. Mas, se não houver mais ruídos políticos e o Fed cortar juros em setembro, a bolsa pode, pelo menos, manter o patamar atual", concluiu.