Os juros futuros registraram uma alta acentuada desde o início da sessão, especialmente nos trechos curtos da curva, refletindo a preocupação do mercado com a pressão observada no câmbio doméstico. A nova rodada de desvalorização do real intensificou as expectativas de uma inflação ainda mais elevada, o que impactou diretamente a dinâmica da curva de juros, que agora precifica uma possível elevação de até 1,25 ponto percentual na taxa Selic até o final do ano.
De acordo com um profissional de uma importante gestora na Faria Lima, a depreciação do câmbio aumentou as chances de o Banco Central ser forçado a adotar uma política monetária mais rígida. "O cenário alternativo do BC já parecia bastante 'dovish'. As pessoas projetavam uma inflação de 3,2% a 3,3% com a taxa de juros mantida em 10,5% até o final do próximo ano, com o dólar a R$ 5,30. Agora, com o dólar a R$ 5,60, há um acréscimo de 0,3 ponto na projeção de inflação para o próximo ano, elevando o IPCA para 3,4%", explicou.
Esse nível de inflação é considerado desconfortável para a autoridade monetária, que pode ser obrigada a aumentar ainda mais a Selic. Por volta das 16h40, o dólar operava a R$ 5,6433, uma alta de 0,98%, enquanto as taxas dos contratos de DI também subiam: o DI para janeiro de 2025 passou de 10,735% para 10,825%, o DI para janeiro de 2026 saltou de 11,55% para 11,775%, e o DI para janeiro de 2027 subiu de 11,935% para 12,075%.
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O mercado continua atento às movimentações do câmbio e à resposta do Banco Central diante desse cenário de pressão inflacionária, que pode resultar em novas elevações da taxa Selic para conter a alta dos preços.