O Banco Central (BC) revelou que o custo das transferências pessoais internacionais, conhecidas como remittances, diminuiu entre 2021 e 2023. Segundo o Relatório de Economia Bancária publicado nesta terça-feira, o custo para recebimento de valores é maior do que para o envio.
As remittances são transferências realizadas por imigrantes no exterior para seus familiares no país de origem. Esses movimentos acontecem tanto de brasileiros que enviam dinheiro para o Brasil quanto de estrangeiros que mandam recursos para fora do país.
De acordo com o estudo, o custo médio para receber um valor de US$ 200 foi de 2,9%, enquanto o custo de envio foi de 5,6% no último trimestre de 2022. O maior custo para recebimento foi registrado no terceiro trimestre de 2022, alcançando 3,3%. Já para envio, o custo mais alto foi de 6,8% no último trimestre de 2021.
O estudo sugere que parte dessa redução de custos pode estar ligada às iniciativas de modernização da legislação cambial. O novo marco legal do câmbio, aprovado em 2021, foi mencionado como um fator que possibilitou a redução das estruturas dos participantes do mercado de câmbio e fomentou modelos de negócio que aumentam a competição. Um exemplo dessa modernização é a possibilidade de enviar recursos ao exterior em reais por meio de serviço de correspondência bancária internacional a partir de contas em reais mantidas no país por bancos não estabelecidos no Brasil.
O relatório também destacou que o uso de novos modelos de negócio para essas transações é um passo importante para facilitar o uso de canais formais de remessas pelos imigrantes. Além disso, os novos modelos têm facilitado o acesso a esses serviços e contribuído para a redução dos custos de remessas.
No entanto, a diminuição dos custos e o aumento da eficiência dos serviços podem elevar os riscos de intermediação. O estudo mencionou o uso crescente de criptoativos para movimentação de recursos e iniciativas que buscam estruturar transferências internacionais instantâneas, como as moedas digitais de bancos centrais. O uso dessas inovações pode trazer ganhos de eficiência, reduzindo custos e aumentando a velocidade de processamento das transações. No entanto, também pode aumentar os riscos na intermediação dos serviços, na volatilidade das transferências e no uso das moedas soberanas.
O estudo do BC sobre as transferências pessoais internacionais entre 2018 e 2023 mostrou que as transferências do Brasil para o exterior foram negativamente impactadas pela pandemia, mas começaram a se recuperar em 2022, chegando ao patamar pré-pandemia em 2023. Em 2019, essas transferências somaram US$ 2 bilhões, caíram para US$ 1,5 bilhão em 2020, e se elevaram para US$ 2,1 bilhões em 2023.
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Por outro lado, as transferências do exterior para o Brasil demonstraram crescimento constante, mesmo durante a pandemia. Esses movimentos estavam em US$ 2,6 bilhões em 2018 e chegaram a US$ 4 bilhões em 2023, com um pico de US$ 4,7 bilhões em 2022. Estados Unidos, Portugal e Reino Unido foram os principais países de origem desses recursos em 2023.
O relatório aponta que os migrantes brasileiros podem ter sentido uma necessidade maior de oferecer suporte financeiro aos familiares durante a pandemia. Além disso, as restrições de mobilidade tornaram mais difícil o transporte de dinheiro pelas fronteiras, levando muitos a utilizar canais formais de remessa, ao invés de canais informais.