O Índice de Confiança de Serviços (ICS), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), enfrentou neste mês sua maior queda em mais de um ano, sinalizando uma desaceleração no otimismo do empresariado do setor. Este setor, que é vital para a economia brasileira, representando quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB), agora vê sua retomada sustentável dependente da trajetória do consumo das famílias, conforme análise de Stéfano Pacini, economista da FGV Ibre.
Em fevereiro, o indicador recuou 1,5 ponto, atingindo 94,2 pontos, marcando a redução mais acentuada desde janeiro de 2023, quando houve uma queda de 1,9 ponto. "O setor de serviços deu uma 'rateada' e perdeu fôlego", comentou Pacini, destacando a influência das expectativas em baixa dos empresários como principal fator para o declínio do índice. Enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) se manteve estável, o Índice de Expectativas (IE) sofreu uma queda de 2,9 pontos.
Esse recuo nas expectativas pode ser interpretado como um ajuste após a forte expansão observada em janeiro. No entanto, reflete também um aumento da cautela entre os empresários sobre a demanda futura por serviços. Apesar da estabilidade na avaliação do momento presente, que pode ser vista de forma positiva após a queda do ISA em janeiro, a demanda por serviços mostrou-se estagnada.
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As condições macroeconômicas favoráveis ao consumo, como um mercado de trabalho aquecido e uma inflação controlada, contribuíram para um ambiente propício à demanda por serviços em fevereiro. Contudo, Pacini alerta que não há garantias de que essa demanda se mantenha sustentável nos próximos meses. O setor de serviços, segundo ele, encontra-se em uma posição de maior cautela quanto ao futuro, embora não necessariamente pessimista.
A continuidade das condições favoráveis ao consumo das famílias, como emprego e inflação sob controle, permanece incerta. Essa incerteza faz com que seja difícil prever se o ICS continuará a cair, dependendo da trajetória da economia e, consequentemente, do consumo das famílias, que é determinante para o acesso aos serviços.
"Serviços prestados às famílias já ultrapassaram o patamar pré-pandemia", lembra Pacini, questionando se o setor atingiu um teto. Ele enfatiza que o campo de serviços é dinâmico, sempre surgindo com novas atividades que podem impulsionar a demanda. "Tudo vai depender de como e o quanto o consumidor estará disposto a consumir serviços", conclui, ressaltando a importância do comportamento do consumidor para o futuro do setor.