Brasília, DF – Bancos que operam no Rio Grande do Sul estão temporariamente suspendendo a cobrança de dívidas e ajustando suas operações devido às intensas chuvas que têm castigado a região, informaram fontes do setor financeiro. Apesar das medidas emergenciais, o impacto nos balanços das instituições deve ser relativamente contido, conforme analistas.
O Banrisul, com grande parte de suas operações no Estado, é o mais afetado pela situação. Instituições com significativa exposição ao agronegócio na região Sul, como o Banco do Brasil e o ABC Brasil, também enfrentam desafios, já que precisam renegociar empréstimos e ajustar condições de crédito para aliviar os agricultores afetados pelas chuvas.
Um relatório do Bank of America ressaltou que, embora a renegociação de empréstimos e a concessão de períodos de carência possam afetar as margens e o custo do crédito, o impacto geral deve ser limitado. Isso se deve em parte à safra de arroz e soja, que já estavam em fase final de colheita antes do início das chuvas.
Apesar dos desafios imediatos, o Banrisul destaca-se por sua robusta saúde financeira, com um índice de cobertura impressionante de 246%. Segundo a análise do Bank of America, o Banco do Brasil, que possui a maior parcela de sua carteira de créditos na região Sul, também pode ver impactos mitigados, graças à alta adoção de seguros no setor agrícola.
De acordo com estimativas do Bradesco BBI, o lucro do Banrisul pode sofrer uma redução de até 16,1% nos próximos 12 meses devido aos eventos climáticos, enquanto outros bancos como ABC, Banco do Brasil, Santander, Itaú e BTG também podem ver reduções, mas em menor escala.
Analistas da XP Investimentos reforçam que, apesar do Rio Grande do Sul representar cerca de 6% do PIB nacional, o impacto nas taxas de inadimplência e na originação de crédito deve ser marginal. Esta visão é corroborada por um levantamento do Itaú BBA, que observa que o impacto no setor financeiro deve ser pequeno, com expectativa de rápida recuperação das operações bancárias.
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Recentemente, o Banrisul comunicou ao mercado que, até o momento, as chuvas não tiveram impactos patrimoniais significativos sobre seus ativos. No entanto, a Standard & Poor's colocou o rating do banco em revisão negativa, destacando a necessidade de mais clareza sobre os efeitos potenciais das enchentes na qualidade do crédito da instituição.
Enquanto isso, as ações do Banrisul mostraram uma ligeira recuperação, subindo 1,16% na tarde de hoje, apesar de acumularem uma queda de cerca de 8% na semana, refletindo a incerteza do mercado sobre os efeitos a longo prazo das enchentes sobre o banco e o setor financeiro da região.