A recente piora no humor dos investidores fez com que o mercado começasse a considerar duas elevações de 0,25 ponto percentual na taxa Selic em 2024. Esse movimento ganhou força na última sexta-feira, após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e continua nesta segunda-feira, em meio à baixa demanda por ativos emergentes e à cautela com o resultado das eleições para o Parlamento Europeu.
Segundo a precificação de Selic extraída da curva, os agentes financeiros esperam que a taxa básica de juros no Brasil termine o ano em 11,073%, o que representaria uma elevação de pouco mais de 0,5 ponto percentual dos níveis atuais de 10,50%. Ainda de acordo com essa precificação, a elevação dos juros continuaria em 2025, com a Selic encerrando o próximo ano acima dos 12%.
No mercado de opções digitais do Copom, as chances de um corte de 0,25 ponto na reunião do Banco Central da próxima semana são praticamente nulas. A probabilidade implícita de manutenção da Selic é de 92%, contra apenas 8% de um corte na taxa. No entanto, surgiram apostas marginais de elevação da Selic na próxima reunião, que já alcançam os 2%. Os participantes do mercado apontam que a soma das probabilidades pode ocasionalmente ultrapassar os 100% devido à baixa liquidez.
Os agentes avaliam que o estresse provocado na sexta-feira levou ao acionamento de ordens de "stop loss" no mercado, contribuindo para uma dinâmica técnica disfuncional nos preços dos ativos. Esse movimento ainda não está totalmente superado, conforme a dinâmica dos preços nesta manhã, especialmente em meio à depreciação firme do real. Na ponta curta da curva de juros, o DI para janeiro de 2025 subiu 7,5 pontos-base, alcançando 10,705%, sinalizando uma piora na percepção para a trajetória da Selic.
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Além dos ruídos envolvendo a condução da política econômica, fiscal e monetária no Brasil, o ambiente externo também exerce uma pressão significativa nos ativos locais. A perspectiva de juros mais altos nos EUA, juntamente com os resultados das eleições presidenciais no México, Índia e África do Sul, levou a uma redução na exposição de risco em mercados emergentes. As eleições europeias também ampliam a cautela dos agentes, diante da leitura de ampliação de medidas protecionistas.