Recorde de Deflação desde o Plano Real
O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) encerrou o ano de 2023 com uma deflação significativa de 3,56%, marcando a menor taxa desde a implementação do Plano Real. De acordo com André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), esta queda acentuada se deve principalmente aos preços mais baixos dos produtos agrícolas. Esta deflação contrasta com a alta de 6,08% registrada em 2022.
A agricultura desempenhou um papel crucial na deflação de 2023, impulsionada por safras excepcionais tanto no Brasil quanto no exterior. O Brasil teve uma safra recorde de grãos, ultrapassando 300 milhões de toneladas anuais, aumentando a oferta de produtos agrícolas e itens alimentícios derivados no varejo. Commodities importantes como soja, trigo, milho e óleos de soja registraram quedas expressivas nos preços.
O setor atacadista, representado pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), encerrou o ano com uma queda de 6,02%. No varejo, que compõe 30% do IGP-10, também houve uma inflação mais baixa em comparação com o ano anterior. Os preços ao consumidor, medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), subiram 3,43%, uma taxa menor do que os 4,40% de 2022. A classe de despesa de Alimentação teve uma alta modesta de apenas 0,50%, significativamente abaixo do aumento de 12,04% em 2022.
Perspectivas para 2024 e Impacto do El Niño
Apesar da deflação observada em 2023, há uma aceleração do IGP-10 de 0,52% para 0,62% de novembro para dezembro, impulsionada pelo aumento no preço do minério de ferro. Para 2024, o economista André Braz adverte que as alterações climáticas provocadas pelo El Niño podem atrasar alguns plantios, afetando a produção agrícola. No entanto, há a possibilidade de que a queda nos preços do petróleo possa compensar eventuais aumentos nos preços dos produtos agrícolas, equilibrando os impactos nos Índices Gerais de Preços.
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