Empresas com altos níveis de endividamento captaram expressivos R$ 16,6 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo em 2023, utilizando esses recursos principalmente para desalavancagem financeira. Esse movimento reflete uma tendência significativa no mercado de capitais, onde mais da metade das operações do ano passado teve como foco a redução de dívidas.
Captação Recorde para Melhoria de Balanços
Do total de R$ 30 bilhões levantados em ofertas subsequentes ("follow-ons") na B3 em 2023, cerca de R$ 16,6 bilhões foram destinados à desalavancagem por empresas altamente endividadas. Essa captação representa um marco, sendo a maior desde março de 2023. Empresas como BRF e CVC se destacaram ao garantir recursos com o apoio de principais sócios, melhorando a percepção de confiança no mercado. Por outro lado, a Casas Bahia enfrentou desafios, com a oferta gerando um movimento financeiro inicialmente abaixo do esperado.
Neste cenário de cautela dos investidores, cada oferta é única e dependente de fatores como o setor de atuação da empresa e o plano de crescimento pós-emissão. A correlação entre alta dos juros, queda de liquidez no mercado e aumento dos custos de dívida foi destacada por Fabio Bortolotti, diretor vice-presidente de finanças da Infracommerce. Sua empresa captou R$ 400 milhões em dezembro, visando equilibrar sua estrutura de capital e pagar aquisições.
Redução de Endividamento e Perspectivas Futuras
A maior oferta de 2023, realizada pela BRF, arrecadou R$ 5,4 bilhões, ultrapassando a expectativa inicial de R$ 4,5 bilhões. O foco era a redução de endividamento, e o resultado já foi visível no terceiro trimestre, com uma diminuição significativa da dívida líquida. A expectativa é que em 2024 haja um equilíbrio entre ofertas voltadas para redução de endividamento e aquelas buscando recursos para crescimento.
As operações de empresas como GPA e Infracommerce também refletiram essa tendência de diluição de participação dos atuais sócios. A Infracommerce, por exemplo, emitiu ações a R$ 1,60, um preço significativamente menor do que sua cotação na abertura de capital em 2021. O ano de 2023 também registrou uma alta de juros, impactando diretamente as empresas e resultando em um aumento das ofertas para ajuste de balanço.
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