O início de 2024 trouxe um cenário misto para a Bolsa brasileira, marcado por uma leve queda e estabilidade, influenciado principalmente pelas expectativas em relação à política de juros nos Estados Unidos. Apesar de uma baixa de 2,04% no Ibovespa até a última terça-feira, após um aumento expressivo de 22,8% em 2023, o clima entre os investidores permanece cautelosamente otimista para o médio e longo prazo.
Impacto dos Dados de Emprego dos EUA
As recentes publicações sobre o mercado de trabalho americano, incluindo a pesquisa ADP e o Payroll, sugerem uma economia forte nos EUA, com criação de vagas de emprego acima das expectativas. Estes dados reduzem as chances de um corte imediato nos juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.
O mercado está na expectativa pelos índices de inflação, tanto o CPI americano quanto o IPCA brasileiro. Segundo Leandro Ormond, analista da Aware Investments, a inflação brasileira já mostra sinais de desaceleração, alinhada às expectativas. Entretanto, os índices americanos são o foco principal, pois uma economia forte nos EUA pode significar a manutenção de juros elevados por mais tempo.
Os treasuries yields (rendimentos dos títulos da dívida pública americana) reagiram a essas expectativas. Com o aumento desses rendimentos, há um fluxo de capital para os Estados Unidos, afetando principalmente os mercados emergentes.
Recentemente, membros do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) reconheceram um abrandamento da atividade econômica, mas ainda veem a inflação em um patamar elevado. Michelle Bowman, diretora do Fed, indicou que o atual nível de juros é suficiente para atingir a meta de inflação, mas que ainda é cedo para cortes.
Análise e Expectativas para o Brasil
Gustavo Biserra, analista da Nova Futura Investimentos, acredita que as expectativas para o Ibovespa estão mais voltadas para o cenário externo, especialmente em relação aos cortes de juros nos EUA. Apesar da cautela no curto prazo, os especialistas mantêm uma visão otimista para o médio e longo prazo, esperando que os juros restritivos não se mantenham elevados por muito tempo, para não comprometer o crescimento econômico.
O consenso do mercado para o Ibovespa em 2024 varia entre 140 mil pontos, nas estimativas mais conservadoras, e 160 mil pontos nas mais otimistas.